Aos desavisados, a McKinsey é a
consultoria contratada “gratuitamente” por ACM Neto para elaborar um estudo da
reforma administrativa da cidade do Salvador. A McKinsey foi a consultoria
responsável por elaborar a reforma nas comunicações brasileiras na década de
1990. Encomendada pelo FMI e Banco Mundial, e em consonância com a Rodada do
Uruguai e a posterior criação da OMC, a reforma vendeu a Telebrás, e a partir
disso surgiram denúncias de corrupção colocadas para debaixo do tapete, num
negócio considerado pela nascente pela OMC como o mais promissor do mundo
naquele momento. A reforma elaborada pela McKinsey também criou o monstrengo Lei
Geral de Telecomunicações (LGT) e Anatel, a agência mais capturada pelo poder
privado no País. Nem precisa dizer a qualidade e os preços dos serviços de
telecomunicações no Brasil, né?!
Atualmente a McKinsey tem como uma das prioridades a atuação em economias
urbanas emergentes. Na sua página oficial ( http://www.mckinsey.com/ ) é possível ver que
Salvador é uma sedes dos escritórios na América Latina da empresa, e que
Salvador está entre as 600 cidades listadas como responsáveis por 65% do
crescimento do PIB mundial até 2025. Não tem um pingo que mobilidade,
participação, meio ambiente ou qualquer coisa nesse sentido no site oficial. O
foco é nas oportunidades para empresários e a necessidade dos políticos se
adequarem.
É este mesmo modelo que desembarca em Salvador a partir do dia 1º de janeiro.
O neoliberalismo levado às últimas consequências na privatização do espaço
público, bem como em esquemas de corrupção. Tudo isso foi escondido durante a
campanha. ACM Neto praticamente não explicitou suas pretensões à cidade. Entre
os poucos debates de programa que travou com Pelegrino foi ser contrário a taxas
para universalização do saneamento básico. A campanha de Pelegrino também não
suscitou programas que pudessem ser rebatidos de forma ferrenha, ao contrário,
várias propostas foram incorporadas por Neto.
Qualquer sorte, sempre suspeitei que ACM Neto tinha escondido na manga um
projeto para à cidade que pudesse ser tão ou mais nefasto quanto a reforma
urbana elaborada pelo seu avô em 1968, que da “noite pro dia” repassou enormes
fatias do solo urbano para empreiteiras e particulares, e passou a expulsar o
pretinhos que restaram nas áreas “nobres”.