Rafael Bastos
Nesta semana acompanhamos uma nova reunião do Comitê de Política Monetária, o COPOM. As reuniões do comitê acontecem de 45 em 45 dias e têm como objetivo principal definir os parâmetros e perspectivas do mercado monetário para o próximo período e com esta análise divulgar a taxa básica de juros da economia, a SELIC.
A SELIC é uma taxa anual que serve para balizar todas as taxas de juros praticadas pelo mercado, tanto as que são utilizadas para empréstimos pelos bancos e empresas financeiras, como também para servir de parâmetro avaliativo no retorno dos nossos investimentos, isto porque a SELIC é o indexador do título de dívida de curto prazo do Tesouro Nacional mais negociado por pessoas físicas, a LFT.
Existe um princípio na gestão financeira que diz: o investidor buscará uma aplicação de maior retorno quando tiver duas opções com mesmo patamar de risco e buscará a de menor risco quando tiver duas opções com mesmo retorno. Este é o princípio da dominância.
Partindo do fato de que o investimento mais seguro de um país são os seus títulos públicos, uma vez que a última instituição financeira a ter insolvência (quebrar) em uma economia é o Tesouro Nacional, podemos concluir que não aceitaremos nenhuma outra aplicação que renda menos que os títulos públicos deste país.
No Brasil, possuímos diversos títulos públicos no Tesouro Nacional, porém o mais “famoso” deles são as LFT (citadas acima) que são indexadas a SELIC, ou seja, quando a SELIC sobe ela remunera mais para o investidor e quando cai, remunera menos. O seu nível de pagamento de juros anual está sempre próximo a SELIC, que atualmente está em 11,5% ao ano.
Este é o nosso ponto de dominância. Qualquer aplicação que remunerar menos que a SELIC não deve ser aceita pelo investidor já que nos títulos públicos ele terá uma taxa de renda fixa melhor (não estamos ponderando outras variáveis como liquidez). Os títulos públicos podem ser resgatados todas as semanas nos leilões que o Banco Central (BACEN) realiza. O BACEN é o executor da política monetária e é a Instituição responsável por vender e comprar os títulos do Tesouro no mercado.
O BACEN sobe os juros quando ele precisa tornar o “custo” do dinheiro na economia mais caro e frear o consumo, fazendo com que os agentes econômicos vendam mais barato, para que essa redução de preços se reflita na inflação (que é uma “cesta” de produtos) e faça com que ela caia. O oposto funciona de forma idêntica e foi justamente o que aconteceu neste anúncio de quarta-feira passada, onde o COPOM reduziu a SELIC em 0,5% para 11,%5 ao ano sem viés (viés é a possibilidade de subir ou reduzir a SELIC antes da próxima reunião).
O COPOM justificou essa medida na recessão mundial. O Comitê acredita que o momento atual de estagnação econômica se refletirá no crescimento do Brasil e fará com que a inflação caia “organicamente”. Poderemos avaliar melhor o raciocínio da instituição na semana que vem quando teremos a disposição a Ata da reunião (comunicado oficial que justifica e explica o porquê das medidas tomadas nas reuniões).
O fato é que mesmo que nas duas últimas reuniões o COPOM tenha reduzido a SELIC, a nossa taxa de juros ainda continua remunerando os títulos públicos com um nível muito acima de alternativas de aplicação de rendas fixas mais comuns em bancos de varejo (como exemplo da poupança). Basta comparar os 11,5% da SELIC com os 7,20% projetados da Poupança.
Os juros que movem o valor dos empréstimos são o mesmo que remuneram o nosso patrimônio. Acompanhe-o e não perca mais oportunidades.
Fonte: Tribuna da Bahia
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