A secretária da Casa Civil, Eva Chiavon, diz que o Porto Sul trará um novo impulso socioeconômico para o estado, pois significará a criação de um sistema logístico que vai resolver a complexa equação de custo para escoamento da carga agrícola e mineral da Bahia. Para ela, será possível a convivência entre o Porto Sul e as vocações naturais da região. O sucesso do Porto de Suape, em Pernambuco, segundo ela, é um exemplo a ser levado em consideração.
Tribuna da Bahia - O que significa a implantação do Porto Sul para a Bahia?
Eva Chiavon - O Porto Sul trará um novo impulso socioeconômico para todo estado e para o Brasil, pois significará a criação de um sistema logístico que vai resolver a complexa equação de custo para escoamento da carga agrícola e mineral do estado. Para a região, especificamente, vai ser a chance de viabilizar novas políticas públicas para o Sul do estado. Ilhéus foi apontada no último Censo do IBGE como uma das cidades que perdem população. No estrato de municípios com decréscimos, Ilhéus representa, dentre 27 cidades brasileiras, estagnação. Dessas, avalia o IBGE, quase todos tiveram, em 2008, Produto Interno Bruto per capita muito baixo. O Porto Sul é um compromisso do Governo da Bahia que transformará aquela região e marcará a evolução do mercado de exportação e importação da Bahia, com reflexos no centro-oeste brasileiro.
Tribuna – Quais os avanços que se pretende com o Porto Sul?
Chiavon - O Porto Sul representa investimentos na ordem de R$ 2,4 bilhões, recursos privados e públicos, por intermédio do PAC. Sua construção é importante porque o país precisa investir em logística para melhorar a competitividade dos produtos brasileiros. Desde o governo Lula, o país decidiu investir em ferrovias para transportar a produção, com objetivo de baratear os custos e diminuir a alta carga sobre nossas rodovias. O transporte ferroviário barateia os custos de transporte e imprime competitividade ao produto brasileiro. Sem um complexo intermodal, a Bahia não tem condições de competir com outras rotas, que também investem no setor. Outro ponto positivo é a geração de emprego e renda. Durante a fase de construção, o Porto Sul gerará dois mil empregos diretos. Quando estiver operando, vai promover a potencialização da atividade econômica gerando, indiretamente, emprego e renda na região – serão oportunidades na área industrial, comércio e serviços.
Tribuna – E a relação com a Ferrovia Oeste-Leste?
Chiavon - O Porto Sul representa, através de sua conexão com a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), uma oportunidade extremamente positiva para a logística do país. É um projeto que integra a política de descentralização do desenvolvimento colocada em prática pelo governo Jaques Wagner. O sul baiano terá uma estrutura que transformará economicamente aquela região, beneficiando comunidades na área de influência do projeto, com implantação de novas indústrias, melhorias na infraestrutura, saúde, educação, habitação, saneamento, meio ambiente, emprego e qualificação de mão de obra.
Tribuna - Qual a previsão de movimentação de carga anual?
Chiavon - Estima-se, anualmente, 66 milhões de toneladas entre grãos, minério de ferro e carvão, siderurgia, etanol, fertilizantes e algodão - isso no oitavo ano de funcionamento do porto.
Tribuna - Como funcionará o sistema de terminais do Porto Sul?
Chiavon - O porto Sul terá dois terminais: um público e outro de uso privativo – este será operado pela Bahia Mineração. O porto público servirá a toda a comunidade que necessite exportar grandes quantidades de produtos. Terá tecnologia moderna, tanto do ponto de vista de logística e engenharia quanto de preservação ambiental e desenvolvimento sustentável. O calado de 20 metros permitirá a atracação de navios de alta capacidade de carga, utilizando o sistema offshore, com o trabalho de carga e descarga sendo feito a cerca de dois quilômetros da costa, de forma segura e com o mínimo de impacto visual e ambiental.
Tribuna - Um equipamento desse porte vai provocar impactos ambientais. O que será feito para mitigá-los?
Chiavon - O projeto Porto Sul Bahia foi concebido dentro dos preceitos de desenvolvimento sustentável. Ou seja, aliará desenvolvimento e cuidado ambiental. O Estudo de Impacto Ambiental foi muito abrangente e identifica todos os impactos negativos e positivos. O empreendimento prevê uma série de medidas de preservação e valorização dos ativos ecológicos e sociais. Vamos assumir a responsabilidade das medidas ambientais para a mitigação, além de cobrar essas mesmas responsabilidades do empreendedor privado. Estudos na poligonal da Ponta da Tulha, que ainda estão sendo concluídos, indicam a criação de uma unidade de conservação no local. Há ainda a estruturação do corredor ecológico do Rio Almada, sem esquecer-se da ampliação e regularização do Parque do Conduru. Os ativos ambientais da região estão totalmente pleiteados no projeto.
Tribuna - É possível a convivência entre o Porto Sul e as vocações naturais da região? Não haverá conflito?
Chiavon - Os estudos apontam que sim e há exemplos que falam por si só. Veja o que aconteceu em Pernambuco, depois da construção do Porto de Suape. Bem próximo ao porto estão Porto de Galinhas e Santo Agostinho, dois centros turísticos que a cada ano atraem cada vez mais pessoas, que viajam para conhecer as belas praias e o mar com água cristalina. Com o ativo ambiental e a atração de novos negócios para a região, Ilhéus testemunhará evolução nos setores do turismo de lazer e negócios. Onde há infraestrutura logística ocorre, consequentemente, um incremento das atividades ligadas ao entretenimento, hospedagem, alimentação, transporte, comércio e serviços em geral.
Fonte: Tribuna da Bahia
Nenhum comentário:
Postar um comentário