Dois setes separam a realidade do que deve ser a ponte entre Salvador e a Ilha de Itaparica: 7 anos e R$ 7 bilhões. Estes são o prazo e a grana para transformar a imagem da modernidade aí acima na única via sobre a Baía de Todos os Santos, cujo projeto foi apresentado pelo governo do estado ontem à tarde, na Fundação Luís Eduardo Magalhães (CAB).
O traçado e as especificações da ponte fazem parte do projeto vencedor, disputado por dois grupos empresariais: a Plano Engenharia, composta pela Queiroz Galvão e Carlos Suarez Participações, e o consórcio escolhido, formado pela OAS, Camargo Corrêa e Odebrecht. Para o governo, o plano não é só acabar com a tormenta dos ferries, mas criar um vetor de desenvolvimento na ilha
De acordo com o projeto vencedor, a ponte será um grande “S” de 11,7 quilômetros de extensão por 27 metros de largura, com seis pistas de circulação e outras duas de acostamento. No vão central, por onde passarão grandes embarcações, há uma elevação de 70 metros de altura, feita para liberar navios com destino ao Porto de Salvador.Tudo isso interligado à Via Expressa, à BA-001 e à BR-242, criando outras opções de acesso à capital além da BR-324.
Para não atrapalhar a navegação de embarcações como plataformas petroleiras, cuja altura é superior a 70 metros, o projeto prevê uma ponte móvel de 160 metros, que cria uma brecha na estrutura. Nesses momentos, o trânsito seria interrompido.
Segundo o secretário do Planejamento, Zezéu Ribeiro, em Salvador o trecho inicial da ponte será construído entre o cais do porto e o Terminal Marítimo de São Joaquim. Já na Ilha, ficará próximo à localidade de Gameleira.
“Nos preocupamos com a estética também, para que não agredisse a paisagem da baía”, salientou Ribeiro. Para isso, os pilares teriam distância de 250 metros entre si. “Exigi que fosse evitado o formato ‘paliteiro’, como na ponte Rio-Niterói”, disse o governador Jaques Wagner.
Para que fique pronta até 2018, como estabeleceu o governo do estado, a meta é vencer entraves burocráticos à ponte: estudos técnicos e ambientais e o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano dos municípios de Vera Cruz e Itaparica.
De acordo com Wagner, se o governo vencer as etapas técnicas, em 2014 o processo de licitação já estaria concluído; no mesmo ano, começaria a construção da ponte, cujo tráfego, adiantou o governador, será pedagiado. Mas o que parece simples tem ainda uma grande barreira: onde conseguir R$ 7 bilhões, com os governos federal e estadual sem dinheiro no cofre?
A ideia é que a maior parte dos recursos venha da iniciativa privada, através da criação de um fundo de investimentos, que captaria recursos em troca de terrenos na Ilha. Ou seja, os empresários receberiam, de contrapartida, a possibilidade de lucrar com um eventual boom imobiliário na região.
Fonte: Correio da Bahia