Rosemma Maluf
Adicionalmente, os empresários permanecem receosos com relação as suas vendas externas e não pretendem aumentar o número de empregados nos próximos meses. Ao fim do quarto trimestre, os indicadores apurados pela Sondagem Industrial mostram que 2011 foi um ano difícil para a indústria brasileira e sugerem a manutenção da queda na produção nos primeiros meses de 2012.
Outra informação, também não muito positiva, é que o Brasil gerou, em 2011, 1,9 milhão de empregos, número 24% menor do que o total criado no ano anterior. Com essas duas notícias, que mostram um cenário de falta de demanda, altos estoques e baixa oferta de vagas com carteira assinada nos setores da indústria, construção civil, comércio e serviços, podemos começar a perceber sinais de uma desaceleração da economia brasileira e um encolhimento do mercado de trabalho. Em tempos de avançada globalização econômica, não podemos fazer uma análise dissociada do mundo.
O enfraquecimento da economia na zona do euro repercutirá tanto na economia chinesa como na americana, o que poderá acarretar a redução da importação de produtos chineses pela Europa e consequentemente as exportações de commodities do Brasil à China, ou seja, o famoso “efeito cascata”.
Diante desse quadro, foi tema da pauta da última reunião plenária da diretoria da Federação das Indústrias do Estado da Bahia – FIEB, levantado pelo seu diretor Adalberto Coelho, uma questão que vem gerando polêmica em todo o mundo, mas é vista como uma das saídas para a manutenção dos empregos nos países afetados pela crise econômica que atinge a zona do euro, que é a necessidade de se discutir a flexibilização da legislação trabalhista no Brasil.
A flexibilização da legislação trabalhista é um tema complexo, que envolve várias variantes e pode ser entendido no sentido de atenuar, equilibrar de forma a evitar a extinção das empresas e o aumento do desemprego. Após Portugal, o tema agora é prioridade na França, Espanha e Itália, sendo considerado a principal alternativa para barrar a onda do desemprego que vem assolando esses países e gerando graves conflitos sociais.
Alternativas como permitir as negociações diretas do empresário com o empregado sem a necessidade das negociações coletivas, desregulamentar o mercado de trabalho para estimular mais contratos temporários, por prazo determinado, menor indenização por demissão, entre outras alternativas, estão sendo debatidas.
Na Espanha, o governo do primeiro-ministro socialista de José Luis Rodríguez Zapatero, realizou ampla reforma na legislação a partir de alterações no sistema previdenciário, envolvendo a elevação da idade mínima para aposentadoria de 65 para 67 anos e com a flexibilização das regras de demissão de trabalhadores.
A reforma trabalhista, iniciada em 2003, também é vista como um dos motivos que tem garantido a Alemanha manter o vigor da sua economia apesar da crise europeia. Os contratos de trabalho são mais flexíveis, a prática de “banco de horas” é bem difundida, além de possuir uma mão de obra altamente produtiva e especializada, consequência da qualidade da sua educação.
Faço questão de ressaltar, que as MPE’s são o espaço ideal para se começar a testar novas práticas a partir da adoção de um “Simples Trabalhistas”, dessa forma podendo aperfeiçoar e modernizar a legislação vigente. O tema apresenta desdobramentos múltiplos e não disponho de espaço nem conhecimento profundo da causa para me estender. Mas acredito que na busca de sinalizadores, que indiquem a rota a ser tomada e considerando a transformação das relações de trabalho geradas a partir da revolução Industrial, precisamos identificar uma nova e segura forma de relacionamento entre capital e trabalho, sem perder de vista os preceitos da justiça social.
Fonte: Tribuna da Bahia
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