Por Rosemma Maluf
Nesses últimos dias o que mais tem se falado no noticiário econômico é que o Brasil se tornou a 6ª economia do mundo, ou seja, o sexto maior PIB medido em dólares à taxa de câmbio corrente, segundo a Economist Intelligence Unit (EIU), empresa de consultoria e pesquisa ligada à revista The Economist. O Brasil (IDH 0,718/84ª posição) ficará atrás, pela ordem, dos Estados Unidos (IDH 0,910/4ª posição), China (IDH 0,687/101ª posição), Japão (IDH 0,901/12ª posição), Alemanha (IDH 0,905/9ª posição) e França (IDH 0,884/20ª posição).
O Brasil mudou muito na passagem para o século 21 e para melhor. Mas, seria leviano da nossa parte, ter um olhar simplista sobre essa informação, a qual é relevante, mas não suficiente para uma avaliação da real situação.
O Índice de Desenvolvimento Humano é uma medida comparativa de riqueza, alfabetização, educação, esperança de vida, natalidade e outros fatores para os diversos países do mundo. É uma maneira padronizada de avaliação e medida do bem-estar de uma população, especialmente bem-estar infantil. É usado para distinguir se o país é desenvolvido, em desenvolvimento ou subdesenvolvido, e para medir igualmente o impacto de políticas econômicas na qualidade de vida.
Os países são divididos em quatro grandes categorias baseadas em seu índice de desenvolvimento humano: muito alto, alto, médio e baixo. Por isso fiz questão de citar, no primeiro parágrafo, o IDH das 6 maiores economias na lista de 187 países ordenada por Índice de Desenvolvimento Humano como incluída no Relatório de Desenvolvimento Humano de 2011 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, compilado com base em dados de 2011 e publicada no dia 2 de novembro desse mesmo ano, para demonstrar que os fenômenos em questão podem não estar relacionados e, no limite, podem até mesmo ser opostos. O Brasil apesar de ser a 6ª economia do mundo, ocupa a 84ª posição na lista de países ordenada por Índice de Desenvolvimento Humano e renda per capita de aproximadamente US$ 10.000 e a China a 101ª posição com renda per capta de aproximadamente US$ 3.000, valores muito aquém dos países com a mais alta renda per capita como Luxemburgo, Suíça, Noruega e a Suécia. Apesar de economias fortes, são países que precisam superar grandes barreiras para alcançar um desenvolvimento pleno que garanta expandir a gama de possibilidades de escolha de cada ser humano(econômicas, sociais, políticas e culturais) e o avanço das liberdades e direitos humanos fundamentais, objetivo supremo de um desenvolvimento digno e coerente. Não podemos comemorar a 6ª colocação do Brasil, quando ao nosso lado tantas injustiças estão acontecendo, a exemplo da desigualdade de distribuição de renda, do aumento da corrupção, da impunidade vigente, da insegurança social, da baixa qualidade dos serviços de saúde pública e tantos outros males que afetam o nosso país, ressaltando a baixa qualidade na educação, base para o processo de formação humana de uma nação. O crescimento econômico é importante, mas é um meio para se chegar ao desenvolvimento, e não a meta suprema. Uma concepção adequada de desenvolvimento deve ir muito além da acumulação de riqueza e do crescimento do PIB e de outras variáveis relacionadas à renda. Que possamos crescer com qualidade, com uma democracia fortalecida e cidadania e, para isso, se exige a capacidade de boa governança da nossa administração pública, que depende em grande medida das qualidades e compromissos dos governantes.
Rosemma Burlacchini Maluf é
Empresária, Vice-presidente da Associação Comercial da Bahia e membro do Conselho de Micro e Pequenas Empresas da Federação das Indústrias do Estado da Bahia
Empresária, Vice-presidente da Associação Comercial da Bahia e membro do Conselho de Micro e Pequenas Empresas da Federação das Indústrias do Estado da Bahia
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