Por Vera Rosa | Agência Estado
DESTAQUES EM POLÍTICA
Incentivador da CPI do Cachoeira, o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva desembarca nesta quarta em Brasília disposto a estimular o
PT e a base aliada a bombardearem o governador de Goiás, Marconi Perillo
(PSDB), e o senador Demóstenes Torres (ex-DEM) para atingir a oposição às
vésperas das eleições. Lula vai almoçar com a presidente Dilma Rousseff e
ministros, no Palácio da Alvorada, algumas horas depois da instalação da CPI.
À noite, os dois comparecerão à estreia do filme "Pela
Primeira Vez", no Museu Nacional. Trata-se de um documentário de 32
minutos em 3D, produzido pelo fotógrafo Ricardo Stuckert, que mostra a
despedida de Lula do Palácio do Planalto e a posse de Dilma, em janeiro de
2011.
Nos últimos dias, o ex-presidente e sua sucessora divergiram
sobre a conveniência da instalação da CPI. Lula, porém, está convencido de que
as investigações vão desvendar como operava o que ele chama de "quadrilha
política e empresarial" comandada pelo contraventor Carlos Cachoeira.
"Vocês vão se surpreender com o que vai surgir nessa
CPI", disse o ex-presidente a parlamentares do PT, na semana passada. Na
avaliação de Lula, o esquema de Cachoeira se aliou à oposição e agiu para
fabricar provas contra o seu governo. Em conversas reservadas, o ex-presidente
tem dito que a CPI vai desvendar as ligações de Cachoeira com a "farsa do
mensalão".
Perillo garantiu, em 2005, que alertou Lula sobre o
pagamento de propina a parlamentares, em troca de apoio no Congresso. O
ex-presidente nega e nunca perdoou o tucano por isso.
Embora não tenha feito nada para evitar a CPI, Dilma teme
que a comissão contamine as votações no Congresso. O governo também se deu
conta de que a CPI pode trazer problemas ao Planalto porque a construtora
Delta, no epicentro das investigações, é a que tem mais contratos para obras do
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
"Essa CPI tem um foco determinado: o esquema de uma
quadrilha, que operava com jogos clandestinos e fazia espionagem política. Pode
ser que tenha outros crimes correlatos aí e é isso que vamos investigar",
resumiu o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), ex-líder do governo na Câmara.
Vaccarezza era o preferido por Lula para a relatoria da CPI,
mas é desafeto da ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti (PT), e
teve o nome vetado pelo Planalto, que acabou dando sinal verde para o deputado
Odair Cunha (PT-MG). "Está tudo bem. O importante é que Lula está com boa
saúde, o cabelo crescendo e a voz firme", comentou Vaccarezza, numa
referência ao fim do tratamento do ex-presidente para combater um câncer na
laringe. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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