Helga Cirino - Jornal A Tarde
Cinco anos e quatro meses depois do assassinato do servidor da Secretaria
Municipal da Saúde (SMS) Neylton Souto da Silveira, os vigilantes Josemar dos
Santos e Jair Barbosa da Conceição vão a júri popular, nesta quinta-feira (17),
a partir das 8h, no Fórum Ruy Barbosa.
O júri ocorre em meio à mobilização dos vereadores Sandoval Guimarães
(PMBD) e Alcindo da Anunciação (PT), que tentam instalar uma Comissão Especial
de Investigação (CEI) para apurar supostas irregularidades na SMS.
Crime - O corpo de Neylton foi achado com marcas de
estrangulamento e espancamento no interior da sede do órgão, no Comércio, no dia
6 de janeiro de 2007. Os vereadores reclamaram da demora na instauração da CEI
pela mesa diretora da Câmara, pois possuem metade mais um dos votos a favor,
como orienta o regimento.
“Conseguimos 23 assinaturas, do total de 41 vereadores, o suficiente para a
abertura da CEI”, reclamou Anunciação. No entanto, o presidente da Casa, Pedro
Godinho (PMDB), entende que o requerimento precisa ser votado em Plenário na
Câmara.
Sub-júdice - “Infelizmente, o pedido de implantação da CEI
da saúde está sub-júdice. Há uma controvérsia sobre a implantação. Enquanto o
regimento determina um número de assinaturas e mais aprovação do Plenário para a
criação da CEI, a lei orgânica diz que apenas com as assinaturas é possível.
Além do mais, até hoje, nenhuma CEI foi instalada sem anuência do Plenário”,
avisou o presidente.
Tentando fazer cumprir a criação da comissão, os vereadores ajuizaram ação
na 6ª Vara da Fazenda Pública, tentando uma liminar que obrigue a instauração de
uma investigação. “A Justiça pediu esclarecimentos à diretoria dos motivos para
a não instauração da CEI”, disse o vereador Sandoval Guimarães. Segundo ele, o
objetivo principal das investigações é apurar irregularidades na área da
Saúde.
Memória - Neylton trabalhava no setor de gestão plena da
SMS quando foi morto. Durante a investigação policial, conduzida pela 1ª
Delegacia Territorial (Barris), os vigilantes inicialmente contaram ter recebido
R$ 20 mil para matar o servidor, a mando de Tânia Pedrosa (consultora) e Aglaé
Sousa (à época subsecretária). As duas chegaram a ser presas. A suspeita era que
Neylton da Silveira tinha descoberto irregularidades no repasse de verbas do
Sistema Único de Saúde.
Alguns meses após o assassinato, o Ministério Público denunciou
irregularidades nas terceirizações da SMS à Real Sociedade Espanhola. Em 2009,
ações de improbidade administrativa foram ajuizadas, apontando um prejuízo de
mais de R$ 40 milhões. Os vigilantes respondem ao crime em liberdade.
Investigadas pela polícia como mandantes do assassinato, Aglaé e Tânia foram
excluídas do processo criminal por falta de provas.
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quinta-feira, 17 de maio de 2012
Começa hoje júri pela morte de Neylton
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