Rafael França - Jornal A Tarde
Fim de jejum no futebol baiano: depois de 11 anos sem levantar a taça do
Campeonato Baiano, o Bahia arrancou um empate de 3 a 3 com o Vitória e, ancorado
no regulamento, se consagrou campeão estadual em 2012.
Embora a decisão tivesse contornos festivos por conta do Dia das Mães, as
duas equipes proporcionaram ao torcedor presente nas arquibancadas um clássico
recheado de emoção e, na contramão, protagonizaram um duelo marcado pela
violência e pela confusão entre os ateltas.
Mas não faltou futebol: se, no jogo de ida, no Barradão, o empate sem gols
denunciou uma partida insossa, desta vez os seis gols marcados também retrataram
com êxito a vontade comum às duas equipes de erguer o troféu.
O Vitória saiu na frente logo aos quatro minutos, com gol de Neto Baiano,
de cabeça. Quatro minutos depois, o Bahia reagiu: Fahel aproveitou cruzamento e
contou com falha de Douglas para empatar. O goleiro rubro-negro também foi o
responsável pela virada do Esquadrão: aos 45 minutos, o meia Gabriel cruzou na
área e o camisa 1 saiu sem rumos do gol. 2 a 1.
No lance, os jogadores do Vitória reclamaram de falta inexistente e foram o
pivô do primeiro episódio de confusão. No segundo tempo, embora combalido pela
virada no placar, o rubro-negro voltou com Dinei em lugar de Marquinhos e
melhorou no jogo. Aos cinco minutos, Diones derrubou Rodrigo e viu o árbitro
Wilson Luiz Seneme marcar o pênalti. Neto Baiano converteu. Seis minutos depois,
em contra-ataque, Pedro Ken serviu Dinei e o atacante cabeceou com perfeição
para recolocar o Vitória na frente.
O Bahia se viu obrigado a abandonar a postura cautelosa e a se arriscar
mais no campo de ataque. Em outra jogada de bola alçada na área, que foi a sua
principal jogada em todo o Baianão, o tricolor permitiu à sua torcida iniciar a
festa aos 26 minutos, quando Diones aproveitou rebote de Douglas e mandou para
as redes.
O empate em Pituaçu coroou a boa campanha do Bahia, que, dono do melhor
ataque do campeonato, marcou em 61 oportunidades e sofreu 27 tentos. O fim do
jejum marcou a 44º conquista do estadual do Esquadrão, maior detentor de
títulos, seguido pelo Vitória, que levantou a taça 26 vezes, e pelo Ypiranga,
decacampeão.
Com o fim do estadual, as duas equipes voltam as suas atenções para a Copa
do Brasil: às 21h50 da próxima quarta-feira, 16, o Vitória recebe o Coritiba no
Barradão; às 21h da quinta-feira, 17, o Bahia encara o Grêmio em Pituaçu. No
sábado, 19, o rubro-negro estreia na Série B do Brasileirão, fora de casa,
contra o Barueri. No domingo, 20, o tricolor inicia a sua jornada na Série A
contra o Santos, em Pituaçu.
Início quente - O primeiro tempo do jogo em Pituaçu teve
todos os requintes que, historicamente, caracterizaram o Ba-Vi como um dos
maiores clássicos do Brasil: teve gol com quatro minutos de jogo, faltas duras,
jogador contundido, falha de goleiro, arbitragem questionada e confusão
generalizada. O bom futebol, no entanto, sobreviveu apenas na expectativa do
torcedor.
É que as duas equipes sentiram o peso da decisão e, a não ser em lances
esporádicos de lucidez, apresentaram um futebol recheado de erros de passes e de
muitas faltas. Com o Bahia novamente com três volantes e recuado em campo, o
Vitória começou melhor e abriu o placar aos quatro minutos: Victor Ramos lançou
na área e Neto Baiano aproveitou a permissividade de Rafael Donato para saltar
mais alto e, de cabeça, fazer 1 a 0.
Quatro minutos depois, necessitado do empate para ficar com o título, o
tricolor respondeu, também em bola alçada na área: Gabriel cobrou falta pela
direita e a zaga rubro-negra não conseguiu cortar; a bola sobrou para Fahel, que
chutou forte no canto direito, no mesmo local habitado pelo goleiro Douglas, que
falhou ao deixar a bola escapulir das suas mãoes e morrer nas redes. 1 a
1.
Aos 16 minutos, Neto Baiano aproveitou cruzamento e cabeceou em cima de
Titi; na sobra, mandou uma bomba de direita e carimbou a trave de Marcelo Lomba.
Um minuto depois, o Vitória perdeu o lateral Romário por lesão, que saiu para
dar lugar a Gabriel Paulista, zagueiro que passou a atuar improvisado no lado
direito do campo. O rubro-negro sentiu o baque e o tricolor passou a ocupar
melhor os espaços em campo.
Fahel cruzou bola rasteira pelo lado direito, aos 33, e Lulinha completou
de letra, mas Douglas fez boa defesa. Intervenção que dificilmente será lembrada
pelo torcedor do Vitória, porque, aos 45, o arqueiro voltou a falhar quando saiu
atabalhoadamente para afastar bola cruzada da intermediária por Gabriel. A
redonda passou direto e o estrondo da torcida tricolor denunciou a virada no
placar.
Virada rubro-negra e empate do campeão - No segundo tempo, Com Dinei em lugar de Marquinhos, o time do interino Ricardo Silva voltou mais disposto e soube aproveitar duas chances logo no recomeço da partida. Aos cinco minutos, Rodrigo saltou para aproveitar lançamento na área e acabou derrubado por Diones. Pênalti. Neto Baiano colocou no canto, empatou o jogo e, em tendo chegado ao 27º gol no torneio, se igualou ao ex-jogador Cláudio Adão, até então o maior artilheiro do estadual baiano.
O tento sofrido tirou a tranquilidade do time tricolor, que aumentou o
ritmo e passou a ceder mais espaços. Aos 10 minutos, Rafael Donato aproveitou
cruzamento e cabeceou no canto, mas Douglas conseguiu uma grande defesa. No
contra-ataque, Pedro Ken cruzou da esquerda e Dinei mergulhou para fazer o
terceiro do Vitória e levar a sua torcida ao delírio.
Necessitado de um gol para recolocar a mão na taça, o técnico Paulo Roberto
Falcão tirou Fahel e colocou Morais no jogo. O Bahia passou um tempo envolvido
pelo toque de bola do Vitória, mas aos poucos se reencontrou em campo e passou a
criar oportunidades de empate. Aos 26 minutos, explorando a grande arma que é a
sua jogada aérea, o tricolor reanimou a sua torcida quando, após cabeçada
perigosa de Souza, Diones aproveitou rebote de Douglas e completou para as
redes. 3 a 3.
O tento de empate recolocou o Bahia no controle do jogo. Falcão colocou
Fabinho e recompôs o meio campo. Antes de sofrer o gol, o Vitória já jogava sem
Neto Baiano: Geovanni entrara em seu lugar. Vander e Uelliton se estranharam e
acabaram expulsos. Souza cometeu falta num lance isolado e também recebeu o
cartão vermelho. Aborrecido com a arbitragem de Seneme, Falcão repetiu a dose do
primeiro jogo da decisão e também foi posto para fora.
O clima esquentou em Pituaçu e o tempo, no cronômetro, passou a correr
desacompanhado de bons lances de perigo. Somente aos 39 minutos o jogo teve nova
carga de emoção: em sequência heroica de defesas, Marcelo Lomba espalmou
milagrosamente uma cabeçada de Pedro Ken e um chute forte de Rodrigo Mancha. Aos
45, Ken teve outra chance de marcar, mas, embora estivesse livre na área pelo
lado direito, chutou sem direção. A partir de então, a torcida tricolor começou
a pular e a cantar nas arquibancadas. Aos 49, Seneme decretou o fim do jogo e o
começo da festa. Bahia campeão baiano de 2012.
Bahia 3x3 Vitória - Jogo de volta da final do Campeonato Baiano
2012.
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segunda-feira, 14 de maio de 2012
Em jogo atribulado, Bahia empata com o Vitória e conquista o Campeonato Baiano
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