O
caminho de Colina Azul até o Terminal da França é a campeã no registro de
assaltos em Salvador este ano. Dos 13 ônibus da frota, sete foram roubados este
ano
Jornal Correio da Bahia
O caminho de Colina Azul até o Terminal da França é longo,
dura mais de duas horas, mas é feito sem direito a nenhum cochilo por usuários
da linha 1306, da empresa União. A linha é a campeã no registro de assaltos em
Salvador este ano, segundo levantamento feito pelo CORREIO junto ao boletim
diário disponibilizado pelo site da Secretaria da Segurança Pública (SSP). Dos
13 ônibus da frota, sete foram roubados este ano.
“Entramos no ônibus com medo. Eu pego no trabalho 12h, mas
saio de casa 8h para pegar o ônibus cheio. Se pegar o de depois de 10h o risco
de ser assaltada é maior. Já fui roubada duas vezes nessa linha. Tive dois
celulares levados”, reclama uma operadora de telefonia de 28 anos, que mora em
Colina Azul.
Mas não é apenas na linha 1306 que o medo circula. No período
entre janeiro e abril, o número de assaltos a ônibus em Salvador aumentou 80%
com relação ao mesmo período do ano passado numa média de quatro por dia,
segundo dados da SSP. Só no último final de semana, um ônibus foi roubado a cada
quatro horas.
O coordenador do Grupo Especial de Repressão ao Roubo em
Coletivo (Gerrc), delegado Paulo Roberto Guimarães, destacou que o volume alto
de assaltos tem diminuído em maio. “A greve da PM (em fevereiro) fez aumentar
consideravelmente o número de assaltos em Salvador. Depois do fim da greve, os
bandidos se acostumaram a roubar ônibus. Nós estamos fazendo várias operações
para reduzir essas ocorrências”.
Tática
O número de assaltos pode ser ainda maior já que, segundo rodoviários, os ladrões têm evitado roubar os cobradores. “Este ano registramos dois assaltos no Gerrc, mas foram mais. Só que em alguns casos eles roubam só os passageiros que nem sempre querem ir fazer a ocorrência na delegacia para não perder tempo”, conta Edmundo Silva, motorista da linha 1306.
O delegado afirma que a polícia tem conhecimento dessa tática
-que reduz a estatística - e indica que os usuários devem registrar as
ocorrências, mas ressalta que os bandidos são rápidos. “Eles fizeram muito isso
no mês de março, mas já voltaram a roubar os cobradores. É estratégia dos
bandidos para não botar o foco da polícia na área onde eles roubam. Mas temos um
amplo mapeamento da cidade para coibir isso”, diz o delegado.
O despachante da empresa União Deusdete de Oliveira Souza
conta que a maior parte dos assaltos aos ônibus da linha acontece com o uso de
armas de fogo. “São sempre dois homens que chegam até a pagar passagem e
subtraem os valores dos passageiros na região do Sertanejo (perto das Sete
Portas)”. O local é conhecido pela polícia. “Temos informações e já prendemos
ladrões de ônibus que atuam naquela região e também na área da BR-324. Fazemos
constantes operações nas ruas para coibir, mas o roubo a ônibus é itinerante.
Os ladrões mudam rapidamente de lugar”, diz o delegado. Há
três grupos de policiais que fazem rondas em motos das 6h às 14h, das 10h às 18h
e das 17h às 1h. São duplas de policiais que circulam em motos.
Risco
Há ainda nos ônibus os chamados ‘ranceiros’ que saqueiam os passageiros. “Eles fazem o roubo em trio. Dois homens e uma mulher. Usam os ônibus cheios e simulam uma confusão para aproveitar e roubar as pessoas”, conta o motorista Garcias Silva, que já perdeu as contas de quantas ocorrências do tipo flagrou no ônibus.
Há ainda nos ônibus os chamados ‘ranceiros’ que saqueiam os passageiros. “Eles fazem o roubo em trio. Dois homens e uma mulher. Usam os ônibus cheios e simulam uma confusão para aproveitar e roubar as pessoas”, conta o motorista Garcias Silva, que já perdeu as contas de quantas ocorrências do tipo flagrou no ônibus.
Até segunda (14), a média era de cinco assaltos a ônibus por
dia em Salvador. A BTU é a empresa que lidera o ranking. Segundo o delegado não
há nenhuma razão especial para uma empresa ser escolhida. “Os ladrões buscam
sempre facilidade e ônibus mais vazios para roubar”. O gerente de operações da
empresa, João Barbosa Silva, informou que “é um problema de segurança pública” e
que a empresa “investe em monitoramento”.
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