segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Dilma abrirá sessão histórica na ONU

A presidenta Dilma Rousseff desembarcou ontem no Aeroporto John F. Kennedy, em Nova York, Estados Unidos. A petista será a primeira mulher a abrir uma Assembleia-Geral da ONU, na quarta-feira, e durante o discurso defenderá o reconhecimento do Estado palestino.

Ignorando o desconforto que o apoio explícito pode criar entre americanos e israelenses, a presidente pretende reforçar a posição de líder internacional que o Brasil busca. O discurso ainda não está pronto. Além dos tópicos que Dilma escolheu e das linhas gerais traçadas pelo Itamaraty, pouco foi desenvolvido. A versão final deve ser feita mesmo em Nova York, nos dias que antecedem a abertura da Assembleia-Geral.

A situação palestina não será um tema central, mas se encaixa em um dos tópicos preferenciais do Brasil: a mudança da geopolítica mundial, a necessidade de reforma da governança global e a abertura de espaço para novos atores internacionais.

A presidente voltará ao Brasil, provavelmente, na quinta ou na sexta-feira. Além da agenda na ONU, Dilma pode manter até sete encontros bilaterais com chefes de Estado - quatro deles já confirmados. Dilma deve abrir seu discurso falando da importância de uma maior participação política das mulheres. Aproveitando o fato de ser a primeira presidente brasileira mulher - e, por isso, a primeira mulher a abrir uma Assembleia-Geral da ONU, já que o Brasil sempre faz o primeiro discurso - Dilma destacará a necessidade de se dar mais espaço político às mulheres.

O centro do discurso da presidente, no entanto, deve ser a crise econômica mundial, os problemas enfrentados pelos Estados Unidos e a Europa e o risco de contágio em economias emergentes. Dilma ressaltará também a situação brasileira, ainda saudável, mas destacará a necessidade de que países considerados ricos resolvam seus problemas para que os mais pobres não sofram ainda mais as consequências de uma recessão

. A chamada primavera árabe, que foram os movimentos democráticos do Oriente Médio, a integração regional latino-americana e a realização da conferência Rio +20, marcada para o ano que vem no Brasil também deverão entrar no discurso.

A comitiva brasileira na viagem aos EUA será formada pelos ministros de Relações Exteriores, Antonio Patriota, da Saúde, Alexandre Padilha, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, do Esporte, Orlando Silva, da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas, e da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário.

Segurança Nuclear em debate

Na quinta (22), Dilma irá participar da Reunião de Alto Nível sobre Segurança Nuclear. Chefes de Estado deverão avaliar a segurança de usinas nucleares como fontes de energia. Em março deste ano, um terremoto no Japão provocou vazamento radioativo na usina nuclear Fukushima Daiichi, em Okumamachi, na província de Fukushima. “A reunião terá o objetivo de assegurar que o uso da energia nuclear para fins pacíficos se dê com o máximo nível de segurança.

Tratará ainda da preparação contra desastres nucleares”, disse Rodrigo Baena. Além da abertura da Assembleia-Geral, a presidente terá uma agenda cheia. Nos cinco dias em que fica nos EUA, Dilma participará de debates sobre o controle de doenças crônicas não transmissíveis, sobre a participação política das mulheres, sobre segurança nuclear e sobre diplomacia preventiva.

Dilma ainda terá encontros bilaterais com os presidentes dos EUA, Barack Obama, do México, Felipe Calderón, da França, Nicolas Sarkozy, e com o primeiro-ministro britânico, David Cameron. Também há pedidos de reuniões com os presidentes da Colômbia, Juan Manuel Santos, do Chile, Sebastián Piñera, e da Nigéria, Goodluck Jonathan, que ainda não foram marcados por dificuldades de agenda. Na verdade, de acordo com o Planalto, mais de 40 países pediram audiências com Dilma. Devido à agenda apertada, a presidente precisou selecionar.

Ao lado de Obama, ela lança a iniciativa “Parceria para Governo Aberto”, que visa difundir práticas como transparência orçamentária e acesso a informações públicas. O Brasil é coautor do projeto a convite do presidente norte-americano. De acordo com o porta-voz da Presidência, Dilma poderá citar como exemplo de transparência a proposta de criação da Comissão da Verdade, que prevê a criação de um grupo para apurar violações aos direitos humanos de 1946 a 1988, incluindo a ditadura militar.

Fonte: Tribuna da Bahia

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