Para o presidente da Câmara dos Deputado a aprovação da PEC é uma demonstração de que o Parlamento não concorda com o trabalho escravo
Correio da Bahia
A aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do
Trabalho Escravo, nesta terça-feira (22), em segundo turno, repercutiu bem entre
a maioria dos deputados, dos trabalhadores rurais e dos defensores dos direitos
humanos.
Para o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Marco Maia
(PT-RS), a aprovação da PEC é uma demonstração de que o Parlamento não concorda
com o trabalho escravo.
“O importante é a demonstração que o Parlamento passou ao
Brasil que não é mais possível que convivamos com situação análoga ao trabalho
escravo. Foram nove anos entre a votação do primeiro e do segundo turno da PEC”,
disse Marco Maia. Ele informou que irá trabalhar para que a comissão formada por
cinco deputados e cinco senadores, depois de acordo entre as duas Casas,
produzam um texto a ser votado pelo Senado “diferenciando aquilo que é trabalho
escravo e aquilo que é desrespeito à legislação trabalhista”.
“Precisamos ajustar melhor a legislação, inclusive, para
estabelecer prazos, definir quem tem o poder de julgar as situações onde for
necessária a desapropriação de terras em função de trabalho escravo”, disse o
presidente da Câmara. Segundo ele, a intenção do acordo firmado com o Senado “é
fazer um texto estabelecendo a diferença entre trabalho escravo e desrespeito à
legislação trabalhista”.
Mas a avaliação positiva da PEC não foi unânime. Para o
vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Luiz Carlos
Heinze (PP-RS), o que foi aprovado hoje “é o arbítrio dos fiscais”. Ele disse
que os agricultores não concordam com o trabalho escravo, mas que votou contra a
PEC porque não foram corrigidas as distorções nela existentes. “Tentamos,
exaustivamente, um acordo até a hora da votação para uma proposta que alterasse
o Código Penal, uma vez que essas questões constantes da PEC são trabalhistas e
não de trabalho escravo. O assunto é puramente trabalhista. Esperamos que o
Senado faça as correções que não conseguimos fazer aqui”.
A votação da PEC foi acompanhada por dezenas de representantes
da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e de outras
entidades de trabalhadores favoráveis à aprovação da proposta. “É uma vitória
histórica para os trabalhadores do campo”, disse a diretora da Contag,
Alessandra Lunas.
O texto da PEC que será enviado ao Senado estabelece que as
propriedades rurais e urbanas onde forem encontradas culturas ilegais de plantas
psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo serão expropriadas e
destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer
indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
A PEC também estabelece que todo e qualquer bem de valor
econômico apreendido em decorrência do tráfico de entorpecentes e drogas afins e
da exploração de trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo especial
com destinação específica. As informações são da Agência Brasil.
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