quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Jornal dos EUA aponta riscos sociais na Bahia

Matéria publicada, nesta terça-feira, 30, pelo jornal norte-americano The New York Times (NYT) associa o crescimento da violência relacionada às drogas ao crescimento econômico verificado no Nordeste do Brasil, alavancado principalmente por conta das políticas de transferência de renda adotadas junto às populações mais pobres.
A reportagem, assinada por Alexei Barrionuevo, aponta especialmente os estados da Bahia e de Alagoas como os que tiveram “uma explosão de violência na década passada”, com crescimento de 430% no número de homicídios, entre 1999 e 2008.
O jornal aponta que, em oposição a este movimento no Nordeste, o número de assassinatos no Rio de Janeiro e em São Paulo diminuiu 47%, entre 1999 e 2009. Os dados citados na matéria são baseados em estudos do professor de ciência política da Universidade Federal de Campina Grande José Maria Nóbrega.
São citados ainda dados do governo estadual baiano, que apontam queda de 13% dos homicídios até julho de 2011, em comparação com os sete primeiros meses de 2010.
Em nota, o secretário da Segurança Pública, Maurício Teles Barbosa, afirmou estar ciente do desafio que é enfrentar a criminalidade no Estado. “A tendência de crescimento da violência nos últimos quatro anos se estabilizou em 2010 e já apresenta redução de 16% nos homicídios nos seis primeiros meses de 2011”, disse Barbosa, utilizando base de comparação distinta à explicitada na reportagem do NYT.
Copa do Mundo - O jornal descreve também que Salvador não teria condições de abrigar os jogos da Copa do Mundo 2014, dadas as condições de insegurança. Citando o diretor de uma agência de viagens carioca, Paul Irvine, a reportagem sustenta esta posição. “Salvador, hoje, não está pronta para a Copa do Mundo em nenhum ponto, e estão começando a perceber  isso”, disse Irvine, da agência Dehouche.
Ouvido pelo jornal, o governador Jaques Wagner respondeu à questão citando a estrutura do Carnaval de Salvador e a segurança proporcionada aos turistas, com um milhão de pessoas nas ruas e ao menos 22 mil policiais responsáveis pela segurança.
“Passamos quatro anos sem homicídios no percurso dos desfiles. Para mim, o preparo da polícia para a Copa do Mundo não será um problema”, disse Wagner ao NYT.
Problemático - O pesquisador Luiz Lourenço, do Departamento de Sociologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), afirmou ser problemático relacionar o aumento da violência por conta das drogas à melhora dos padrões econômicos da população do Nordeste.
“Há países onde o tráfico é grande e a violência é mínima, como a Holanda e a Inglaterra”, citou Lourenço. Quanto aos programas aqui utilizados, ele diz não se tratar de enriquecimento, mas de “subtração da miserabilidade”. Para o pesquisador da Ufba, “claro que a riqueza gera certos tipos de crime, mas essa associação é inverossímil”, sustentou.
Já o professor de economia da Ufba Oswaldo Guerra disse não conhecer “nenhum trabalho científico que associe uma coisa à outra. O aumento da violência ocorre pelo processo de urbanização e a pouca repressão”.
Os pesquisadores afirmam que as populações atingidas pelas bolsas de renda não seriam as que movimentariam o tráfico.

As informações são do A Tarde.

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