terça-feira, 30 de agosto de 2011

População se revolta e ocupa ferry


Seguidos atrasos, problemas mecânicos, filas quilométricas e nenhuma justificativa. Mais uma vez o sistema ferry boat deixou milhares de passageiros a ver navios com a deficiência na operação da travessia Salvador – Itaparica.

Na manhã de ontem, uma falha mecânica ocorrida na primeira viagem do fast ferry Ana Nery provocou uma grande manifestação no Terminal Marítimo de Bom Despacho. O resultado foi a suspensão das viagens durante metade da manhã e muita reclamação por parte de quem precisava fazer a travessia.

“Um absurdo isso aqui. Cheguei ao terminal 5 horas para pegar o ferry e mais uma vez o navio chega quebrado. Tinha que pegar o trabalho 6 horas, agora vou ter que explicar para o meu chefe o motivo do atraso”, disse o vigilante Paulo Roberto Santos.

Segundo a TWB, concessionária que administra a travessia Salvador – Itaparica, o ferry Anna Nery, que passou por vistoria da Capitania dos Portos na última sexta-feira (26) e navegou irregularmente por dois dias seguidos na semana passada, apresentou um problema hidráulico por volta das 6h.

Por conta disso, o comandante da embarcação decidiu voltar para Salvador sem passageiros para que o reparo fosse feito no Terminal de São Joaquim. Indignados, os usuários que aguardavam no Terminal de Bom Despacho invadiram o ferry Juracy Magalhães assim que ele atracou na Ilha de Itaparica. A Polícia Militar foi chamada para conter a multidão e um homem foi preso durante o tumulto.

“O policial bateu em um jovem que estava no protesto. Quando precisamos da polícia ela não aparece, mas nessas situações ela surge para agredir pessoas de bem”, reclamou o vendedor Ademilton Santana, que passou aproximadamente quatro horas a espera de uma embarcação.

Para piorar a situação, as lanchas que também operam na travessia Salvador – Itaparica não puderam viajar até as 11h30 por conta da maré baixa, o que deixou a população refém dos dois ferries que sobraram para fazer a travessia. A primeira viagem para Salvador ocorreu apenas por volta das 9h30, com o Maria Betânia.

Logo no desembarque, os passageiros fizeram sinais de reprovação ao sistema ferryboat e reclamaram bastante. “O pessoal que estava no protesto liberou esse navio para quem tinha problemas de saúde ou precisava vir à cidade para consulta médica.

Algumas pessoas que estavam atrasadas aproveitaram também para viajar. O outro ficou lá, ocupado, e só será liberado quando a TWB resolver se manifestar sobre a situação”, pontuou o funcionário público Alex Ribeiro.  O Juracy Magalhães permaneceu ocupado até o final da manhã, quando a TWB se reuniu com uma comissão composta por nove passageiros para negociar a liberação da embarcação.

Sem transporte, os estudantes Madair Santos, 17, e Jeferson de Souza, chegaram à Salvador às 10h30, três horas após o início das aulas. “Só viemos para justificar a ausência na escola. Isso sempre acontece. Os ferries quebram ou chegam atrasados. Nossa paciência esgotou. Só para se ter ideia, um funcionário da TWB xingou uma mulher que estava reclamando. Além do mau serviço, existe o desrespeito com os usuários”, disse Madair.

Houve quem também perdesse consulta médica por conta da situação. “Teve o problema e ninguém anunciou o motivo. Por isso a paciência esgotou. Tinha um exame de coração marcado para esta manhã, mas por causa do defeito no Ana Nery não consegui chegar a tempo.

Se eu tivesse um problema lá, como é que me socorreriam”, questionou Valdilene Brito. Já aposentado Josué de Oliveira passou momentos difíceis a espera de uma embarcação com destino a  Salvador. Diabético, ele teve queda de açúcar no sangue e precisou receber uma injeção de insulina na fila para o ferry.

Segundo os manifestantes, novos protestos devem ser realizados nos próximos dias caso a TWB não adote melhorias no sistema de transporte.

Protesto também em Salvador

A suspensão das viagens durante metade da manhã também provocou revolta no Terminal Marítimo de São Joaquim. “Há muito tempo que essa situação se repete. A gente compra passagem e fica mofando a espera de que a TWB tenha a boa vontade de colocar um ferry para a travessia. É por isso que apoio a manifestação. Se ninguém toma uma providência, a população tem que parar tudo”, afirmou o aposentado Clóvis Lima de Jesus.

Para o aposentado, a presença de Salvador como cidade-sede da copa de 2014 está ameaçada com os recorrentes problemas ocorridos na travessia Salvador – Itaparica. “Dizem que vão colocar oito ferries em operação, mas é tudo conversa fiada. Como é que querem sediar a copa sem antes resolver esses tipos de problema?”, questionou.

A assistente social mostrou-se indignada com a deficiência no sistema ferryboat. “É um absurdo. Sempre há atrasos, ninguém explica nada, sem contar com a lentidão das embarcações. Outro dia levei 1h45 minutos para atravessar da ilha para Salvador. Eu trabalho em Boipeba, imagine a hora que eu vou chegar lá hoje”.

Agerba – Por conta do ocorrido com o ferry Ana Nery, a Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba) multou a TWB por falta de cumprimento de horário, quebra de equipamento e operação com número de embarcações abaixo do mínimo necessário para atender a população. Para essa época do ano, o ideal é de que 4 ou 5 ferries estivessem em operação

Fonte: Tribuna da Bahia On Line

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