quarta-feira, 25 de abril de 2012

Massa e Alonso: o primeiro e o segundo

Por Gerson Campos | Publicada no Site YAHOO

A Ferrari, às vezes, é bizarra. E parece que gosta de ser assim. Não há outra explicação, por exemplo, para o que disse Stefano Domenicali ao jornal espanhol El Mundo. Em algumas palavras despretensiosas, soltas ao vento, o homem que comanda a equipe de competições a motor mais forte e tradicional do mundo disse que Felipe Massa "deve aprender com Alonso, e não desafiá-lo".

Aprender? Vejamos: Fernando Alonso estreou na Fórmula 1 em 2001 pela Minardi. Até hoje, tem 180 grandes prêmios disputados. Daí saíram 28 vitórias, 20 poles e 19 voltas mais rápidas. E, o mais importante, dois títulos mundiais.

Massa começou pela Sauber um ano depois. Acumula 156 provas, 11 vitórias, 15 poles e 14 voltas mais rápidas. Não chegou ao título, mas fez um campeonato que mereceu ganhar em 2008. Só não levou por conta dos erros da própria Ferrari.
Massa está, sim, andando mal nas últimas três temporadas (já incluindo 2012). Pior do que em 2007 e 2008. Para tentar explicar isso, há inúmeras teorias que jamais chegarão à verdade. Eu mesmo já cheguei a pensar que o acidente de 2009 deixou marcas irreparáveis, depois considerei a mudança dos pneus, enfim, isso mesmo nem o próprio Massa deve saber.
Está andando mal, mas não é nenhum novato para "aprender" com Alonso. Tem vitórias, poles, voltas mais rápidas, brigas pelo título e mais de dez temporadas nas costas, sendo que sete delas pela Ferrari. Tem uma história vitoriosa, apesar de estar passando por uma fase horrível.

Não pode ser desmoralizado dessa forma. No popular, não pode ser "tirado" como foi por Domenicali. Tudo para dar um recado: não incomode Alonso e não pense em criar qualquer clima de rivalidade dentro da equipe. Faça o seu e ajude a equipe no mundial de construtores. O de pilotos, você já sabe quem vai buscar — mais uma vez, a Ferrari usa a imprensa como mural de recados.

Até aí, tudo bem. Maranello trabalha dessa forma desde 1996, quando contratou Michael Schumacher e escolheu Eddie Irvine, que se divertia à beça ganhando milhões de dólares por ano e correndo de Ferrari, sem incomodar.

Depois veio Rubens Barrichello, que incomodou com algumas declarações, mas foi devidamente podado. Agora, Massa, que não falou nem fez nada, mas já foi previamente colocado em seu lugar.
É a filosofia de trabalho da Ferrari. Podem ser babacas, anti-esportivos? Podem, mas aquilo é uma empresa e essa foi a estratégia traçada. Não é questão de perseguição. O jogo com os funcionários é limpo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário