PTN diz não ao PT e apoia ACM Neto

Tribuna da Bahia - Fernando Duarte Repórter

Sob disputa das legendas com candidato próprio ao Palácio Thomé de Souza, o PTN anunciou ontem o apoio formal à candidatura do deputado ACM Neto (DEM) a prefeito de Salvador. Apesar de sinais prévios sugerirem que esse seria o caminho adotado pela legenda, liderada no estado pelo secretário municipal de Educação, João Carlos Bacelar, a sigla despontou, de acordo com alguns veículos de imprensa, como uma opção para vice na chapa do petista Nelson Pelegrino.

“Conversamos com todos os candidatos e nós não temos nada contra qualquer um deles. O que acontece é que temos alguns gargalos com o PT em cidades como Camaçari, Feira de Santana e Irecê”, relatou o dirigente à Tribuna.

O PTN, até então atrelado à decisão de João Henrique (PP), ganhou passe livre na última semana quando o alcaide liberou a legenda para se coligar independente dele.

Segundo Bacelar, a decisão da adesão ao projeto democrata foi unânime entre os correligionários, que incluem três deputados estaduais, três vereadores e os 120 delegados da sigla presentes à reunião realizada na noite de quarta-feira. “A aliança é resultado do compromisso de ACM Neto em transformar a cidade, em mudar Salvador através da educação”, comentou o presidente estadual da legenda.

Comandante dessa pasta em Salvador, Bacelar apontou que um dos acordos em discussão durante as negociações inclui a manutenção das políticas de João Henrique para o setor. “Uma das coisas que pedimos é que a política de educação do prefeito seja mantida com a eleição”, confirmou.

Para justificar essa continuidade, Bacelar apresentou números de crescimentos, como o maior reajuste salarial da área em todo o país. “Um professor da rede pública municipal começa a carreira com um salário de R$ 3,5 mil e pode chegar à R$ 10 mil”, citou.

A estratégia mostra que ACM Neto não deve partir para o ataque à atual administração municipal, sinalizando que uma eventual aproximação entre a campanha democrata e o prefeito não pode ser descartada durante o processo eleitoral.

Para o candidato, esse não é o caso, pois João Henrique deve seguir a recomendação pepista, que caminha mais uma vez para a candidatura própria do deputado João Leão (PP). ACM Neto disse, entretanto, não acreditar que a adesão do PTN não teve influência do atual prefeito. “Eu não tenho dúvida de que esse apoio era processo natural, pois o PTN sempre esteve comigo em outras eleições”, ponderou. Segundo o parlamentar, o compromisso com a educação foi preponderante para a opção da legenda de Bacelar. “A nossa prioridade é a educação, assim como o PTN”, completou.

O dirigente estadual do PTN também usou o termo “natural” para classificar a aliança com o DEM, mas não repetiu que os partidos eram “irmãos siameses” como o fez em Camaçari. Bacelar lembrou que, em duas oportunidades, ACM Neto foi o candidato a deputado federal apoiado por sua sigla. “A responsabilidade da decisão é do PTN. Depois que o prefeito liberou o partido, consultamos as lideranças e foi unânime o apoio ao deputado ACM Neto”, reiterou.

Com o apoio na eleição majoritária definido, o partido trabalha agora para aumentar a quantidade de cadeiras na Câmara Municipal. “A nossa convenção acontece no dia 29, por questões burocráticas, mas vamos trabalhar para dobrar o número de vereadores”, apostou. Os candidatos a vereador do PTN, inclusive, receberam um rasgado elogio do candidato a prefeito. “É o partido que tem a melhor chapa para vereadores”, demarcou Neto.