terça-feira, 22 de maio de 2012

Chuva forte alaga condomínio de luxo e moradores têm que deixar casas

No residencial Jardim Gantois - onde há casas avaliadas a R$ 500 mil – os imóveis amanheceram alagados por conta da cheia do rio Passa Vaca
Alexandro Mota - Correio da Bahia
As fortes chuvas que chegaram à faixa litorânea também tiveram uma breve passagem nas regiões castigadas pela seca. As chuva nessas cidades, porém, foram poucas e em menor intensidade, segundo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema).
Entre 9 horas do domingo e 9 horas de segunda (21), de acordo com o registro do instituto, o município atingido pela estiagem que recebeu o maior volume de água foi o de Senhor do Bonfim (4 mm), seguido de Monte Santo (3mm), Serrinha e Queimadas (ambos com 1,5 mm de chuva), além de Euclides da Cunha (1,2 mm).
“A tendência é que a partir de agora haja uma regularidade, o que é conhecido como as chuvas de inverno, fracas, mas contínuas", prevê o meteorologista Heráclio Alves, do Inema. "Os volumes, porém, ficaram sempre abaixo de cinco milímetros", acrescenta Alves.
Inundação Classe A
A chuva também cai para todos, assim como os prejuízos que ela traz. Em Salvador, o bairro onde mais choveu na madrugada desta segunda (21) foi Ondina (com 186mm de água, segundo o Inema). Mas foi em Jaguaribe que a chuva surpreendeu moradores de um condomínio de classe média alta. No residencial Jardim Gantois - onde há casas avaliadas a R$ 500 mil – os imóveis amanheceram alagados por conta da cheia do rio Passa Vaca.
Segundo o Grupamento Marítimo do corpo de Bombeiros (Gmar), que ajudou no resgate dos condôminos ilhados, a água chegou a 1 metro de altura. “A noite foi terrível, pense você deitado na cama e a água do seu lado. É muito chato ver a nossa casa sendo invadida por essa água suja, cheia de galhos e folhas”, lamenta o síndico do condomínio,Humberto Jorge, 76 anos.
Segundo Humberto o alagamento começou por volta das 2h de ontem. No inicio da manhã, moradores contam que usaram um barco de passeio para fazer o resgate, já pela tarde, após acionarem o Corpo de Bombeiros, outros moradores foram retirados ou ajudados a retornarem para buscar objetos em casa com o apoio de botes.
Um jet ski chegou a ser levado pela corporação, mas não houve a necessidade de utiliza-lo. “Não sei o que vou fazer, nada escapou da água. Meu carro, por exemplo, não tive como tirar da garagem”, conta Humberto. “Voltei com os bombeiros agora de tarde para buscar os meus documentos, os móveis estão todos danificados, detalha Maria da Glória, 38, funcionária de uma das residências. O condomínio, que fica na rua Desembargador Lafayette Velloso, tem 60 casas, segundo o síndico, e apenas as primeiras seis casas e a guarita de segurança escaparam da inundação.

CausaA situação trouxe ainda à tona uma briga que vem se agravando. “É bom que fique claro que o que aconteceu não tem causas naturais. A culpa é de um muro construído pelo colégio Diplomata, prédio que hoje é da faculdade Unirb. O muro tem manilhas pequenas que acabam obstruindo a passagem da correnteza”, pontua a fisioterapeuta Juliana Nascimento, 34, que também teve a casa inundada em um altura de cerca de um metro.
Segundo o Tenente Coronel Pacheco, do Gmar, o alagamento tem mesmo origens no assoreamento e na falta de drenagem do rio Passa Vaca. Uma equipe do Superintendência de Conservação e Obras Públicas do Salvador (Sucop) esteve no local para estudar a situação e iniciar a limpeza do canal, o que, para a Sucop é uma medida paliativa, já que os alagamento está relacionado à represa.
A Faculdade Regional da Bahia fica exatamente nos fundos do condomínio, na Avenida Tamburugy, em Patamares. “A construção existe há 25 anos, nas mesmas condições, e nunca houve alagamentos. Não são os condôminos que têm que dizer onde está a obstrução, mas os órgãos competentes, a prefeitura.
E a Sucop me disse que o volume de terra que está próximo ao mangue é o que pode ter gerado a dificuldade do rio escorrer”, argumenta Carlos Joel Pereira, diretor executivo da faculdade.
Segundo Carlos, prevendo o período de chuvas, a instituição fez a limpeza do rio há 15 dias. “Além disso, o condomínio está edificado abaixo do nível do mar, o que é incompatível para quem está próximo da orla”, acrescenta.
Uma ação coletiva junto ao Ministério Publico Estadual tenta resolver o impasse. O MPE, porém, não soube indicar o andamento do processo.

Perigo
Ninguém ficou ferido no local, no entanto, moradores alertaram para o risco de um acidente maior. Uma árvore caiu em cima de um poste da rede elétrica e, segundo relato dos moradores, estava prestes à cair na água. “Desde 3h da madrugada pedimos à Coelba para desligar a rede elétrica. Se aquele poste cair na água as pessoas que estão tentando pegar alguma coisa em casa podem morrer. Os atendentes dizem que não têm previsão”, preocupa-se o empresário Manuel Fonseca, 53.
A companhia de energia se comprometeu de enviar, no início da noite, uma equipe ao local para avaliar a necessidade de desligamento da rede, caso de fato haja riscos.

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