quinta-feira, 10 de maio de 2012

Reformado há 2 anos, Mercado do Peixe ainda sofre com sujeira

“De manhãzinha o fedor e a sujeira são tão grandes que é ruim até respirar", diz frequentador

Florence Perez - Jornal Correio da Bahia
O anúncio de uma grande obra com direito a mirante, anfiteatro, reforma dos banheiros e dos boxes, melhorias na pavimentação e estacionamento prometia salvar o reduto dos boêmios do Mercado do Peixe, no Rio Vermelho. O local foi reconstruído ha dois anos. No lugar dos boxes de alvenaria e toldos chegaram as lonas, o calçamento foi requalificado, os banheiros e a infraestrutura local melhoraram. Até aí, tudo bem, mas há um velho problema que não há reforma que resolva: a sujeira.

“É um povo muito mal-educado. As pessoas jogam copos de plástico no chão, comem amendoim e jogam casca no chão... E ainda tem o lixo jogado pelos ambulantes que passam por aqui”, ressalta o diretor da Associação dos Permissionários do Mercado do Peixe, Antônio Nunes.

O auxiliar de tráfego da Agerba Carlos Eduardo dos Santos Junior, frequentador do local, conta que na segunda-feira o cheiro do mercado fica insuportável. “De manhãzinha o fedor e a sujeira são tão grandes que é ruim até respirar. Precisa o carro da Limpurb jogar água para conseguir limpar a calçada. Os banheiros ficam imundos”, diz.

O paulista Roberto Perez, 56, está em Salvador a trabalho pela sexta vez e resolveu conhecer ontem o famoso Mercado do Peixe. Sofreu uma decepção. Sentar para comer, nem pensar. “Achei muito feio e desorganizado. Não me parece muito higiênico. Me pareceu um pouco abandonado”, opina.

Para piorar, os homens ainda costumam improvisar um banheiro no muro que faz divisa com a praia, relatam alguns clientes. Já as mulheres enfrentam o sanitário oficial. “Tem cachorro dormindo no chão e fica um cheiro horrível. Sem contar outras coisas horríveis, como deixarem calcinhas”, conta uma garçonete.
Nunes reclama ainda que há 15 dias não aparece um funcionário da prefeitura para varrer a área.

Cachorros
Como se não bastasse o problema dos humanos, comerciantes reclamam ainda da dificuldade de manter o local limpo com os 20 cães “nativos” do local. “Fazem cocô por toda parte e tenho que jogar água para enxotá-los de perto das mesas. Eles dormem na porta dos boxes ou embaixo das mesas. Um horror”, reclama o garçom Carlos Pereira dos Santos, 56, que trabalha no Box do Luisão.

O diretor da Associação dos Permissionários diz que os 32 comerciantes já pediram à prefeitura que tirasse os animais do local, mas o apelo não surtiu efeito. “Não temos saída. Não podemos tocar neles, mas eles podem infectar e chatear os clientes”, conta.

E os vizinhos indesejados encontram no lixo deixado por alguns permissionários a oportunidade de sujar ainda mais o mercado. Na porta de alguns boxes, sacos ou baldes repletos de restos de comida e materiais descartáveis tornam-se alvos fáceis. “Alguns comerciantes daqui infelizmente não são organizados. Deixam a sujeira por aí e até mesmo o box sujo, e os cachorros reviram esse lixo e espalham no chão”, diz Nunes.
Responsabilidades
Segundo o coordenador de mercados da Secretaria Municipal de Serviços Públicos (Sesp), Iuri Dias, a prefeitura assinou um contrato com o Grupo Schincariol no dia 11 de janeiro de 2010. Por meio de uma Parceria Público Privada (PPP), a empresa ficou responsável por fazer a obra de revitalização do mercado. A obra durou seis meses e o grupo investiu R$ 4 milhões. “Eles têm direito a explorar por 10 anos o local. A Schin cedeu as mesas, cadeiras e freezers aos permissionários e eles só devem comercializar bebidas da marca”, explica.

Segundo Dias, a companhia é responsável, com a Associação dos Permissionários, pela manutenção do Mercado. “Neste momento eles estão custeando uma pequena obra. Parte da área externa ainda é de barro e quando chove vira uma lama. Eles estão colocando cimento em tudo”, relata o diretor da associação, Antônio Nunes. Procurado pelo CORREIO, o grupo não se manifestou sobre o assunto.
Com relação aos cachorros, a Vigilância Sanitária informou que não está autorizada a retirá-los do local, exceto se os animais oferecerem perigo à saúde humana, seja por estarem doentes, feridos ou apresentarem sinais de agressividade. De acordo com a assessoria do órgão, o Centro de Controle de Zoonoses pode ser acionado para verificar a necessidade de relocá-los.

Sucop diz que vai verificar problemas

No fundo do Mercado do Peixe até mesmo uma árvore e parte do asfalto esburacado entram na lista de lamentações dos permissionários. “Há mais de um ano pedimos a poda da árvore e a prefeitura nada faz. Quando chove, as folhas caem no telhado dos boxes e entope a passagem de água.

Já o asfalto todo quebrado serve para empoçar água suja e fede demais”, reclama o diretor da Associação de Permissionários, Antônio Nunes. Consultada sobre a situação atual do Mercado do Peixe, a Superintendência de Conservação e Obras Públicas (Sucop) informou que um engenheiro agrônomo deve ir ao local fazer uma visita técnica, para avaliar se a árvore deve ser podada ou retirada do local.

Quanto à água empoçada nos fundos do mercado, a Sucop informou que um técnico também fará uma visita para identificar a causa do problema e as medidas a serem tomadas. O órgão não deu prazo para a visita.

Colaborou: Luana Ribeiro, Rita de Cássia Martins e Joana Oliveira



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