terça-feira, 22 de maio de 2012

Obras para conter encostas de Salvador estão paradas

Jornal A Tarde
No terceiro dia de chuva intensa na capital, a Defesa Civil de Salvador (Codesal) registrou, até às 17h30 desta segunda, 21, 391 solicitações de emergência, mais de três vezes as 127 ocorrências do final de semana. Dentre os seis bairros mais afetados, dois (São Marcos e Sussuarana) estão, desde 2008, na lista de 18 localidades a serem contempladas com obras de contenção de encostas, hoje paradas.
A paralisação se deve à falta de dinheiro. Após mais de três anos de assinado o convênio com o Ministério da Integração Nacional para a realização das 18 obras, a Prefeitura de Salvador conseguiu garantir apenas R$ 1,58 milhão (16,5%) de um total de R$ 9,6 milhões. A Secretaria Municipal de Infraestrutura (Setin), por meio da assessoria de comunicação, informou, sem detalhes, que houve um bloqueio de recursos “devido a pendências junto ao INSS”.
Segundo a secretaria, os problemas já teriam sido sanados, os recursos liberados e as obras retomadas. O órgão não informou, no entanto, os locais das intervenções, nem os nomes das empresas responsáveis. A reportagem questionou o Ministério da Integração Nacional, que, até o fechamento desta matéria, não informou a situação de repasse dos recursos.
Contradição - Informações do Portal da Transparência do governo federal mostram que os R$ 1,58 milhão foram liberados de uma só vez em 20 de outubro de 2009. Além disso, as respostas da Setin não batem com o informado pela Superintendência de Conservação e Obras Públicas (Sucop).
Vinculada à secretaria e responsável por acompanhar a execução das obras, a Sucop informou que as contenções das 18 encostas seguem paralisadas, inclusive as quatro que tiveram início em 2009 e depois foram interrompidas por falta de verbas.
É o caso da obra na Rua Alto da Igreja, em São Tomé de Paripe. “Colocaram a placa no pé da ladeira, anunciando obras no valor de R$ 1,35 milhão. Fizeram 50 metros de encosta e pronto. O que foi prometido não foi feito”, disse o professor Artur Marques, que há 35 anos tem uma chácara na rua.
As empresas responsáveis pela obra foram a Concreta Tecnologia em Engenharia Ltda e a Tecnocret Engenharia Ltda. O proprietário da última, Diógenes Ribeiro Alencar Filho, afirmou que não concluiu a obra por falta de pagamento. A Concreta não atendeu à reportagem.
Lentidão - Desde outubro do ano passado, a prefeitura anuncia que a liberação de R$ 2,5 milhões para elaboração de 114 projetos de estabilização de encostas depende de tramitação na Caixa Econômica Federal (CEF). A Setin informa que aguarda análise técnica do banco para iniciar processo de licitação.
Segundo a CEF, em fevereiro foi comunicado à prefeitura as pendências que impediam a aprovação dos projetos. O governo municipal enviou a documentação pendente no último dia 4. A conclusão da análise técnica está prevista para o próximo dia 30, segundo a CEF.
Também há seis meses foram anunciadas mais 20 obras de contenção de encostas, inclusive as que contemplariam a rua Alto da Igreja, em São Tomé de Paripe, e localidades dos bairros de São Marcos e Sussuarana. O investimento divulgado foi R$ 20 milhões, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), do governo federal. A CEF informou que aguarda o processo licitatório para liberar os recursos. A Setin informa que ainda não tem prazo para a licitação.
Com isso, estão defasadas as previsões do subsecretário de Infraestrutura, José Luiz Costa. “A expectativa é que em 15 dias seja publicado o edital de licitação. No final de maio devemos começar algumas obras”, disse, no último dia 15. A prefeitura demora ainda para atualizar o Plano Diretor de Encostas (PDE), uma mapa as áreas de riscos da cidade, feito em 2004.
Mas o Plano Municipal de Redução de Riscos, do qual o PDE faz parte, está em licitação com finalização prevista para o dia 25. Por conta dessa defasagem do PDE, a Codesal estima que a cidade tem 540 áreas de alto risco de desabamento de imóvel ou deslizamento de terra. O PDE antigo lista 433 áreas. De 2005 até agora, a prefeitura fez 78 contenções de encostas, com R$ 140 milhões vindos da União.

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