quarta-feira, 23 de maio de 2012

Sem acordo, rodoviários decidem por greve

Tribuna da Bahia - Sergio Toniello Filho REPÓRTER
Mais uma categoria de trabalhadores entrou em greve em Salvador. Depois dos policiais militares, no início do ano, aderirem à paralisação e também recentemente os professores, agora a vez é dos rodoviários.

Em mais uma rodada de negociações realizadas ontem no Ministério Público do Trabalho (MPT), na Secretaria Municipal dos Transportes e Infraestrutura (Setin) e no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), o Sindicato dos Rodoviários não aceitou as propostas de representantes do Setps (Sindicato das Empresas de Transporte) e da Abemtro (Associação das Empresas de Transporte Coletivo Rodoviário do Estado da Bahia), e decidiram entrar em greve à 0h de hoje, como havia sido decretado no último dia 17.

De acordo com o sindicato, a categoria reivindica reajuste salarial com base na inflação que compreende os períodos de maio 2011 a abril 2012, com mais 8% de ganho real.

Os rodoviários também exigem o retorno do quinquênio, 30 tickets por mês, e também no período de férias, no valor de R$15, plano de saúde pago integralmente pelos empresários para titulares e dependentes, fim das terceirizações e reajuste da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) para 30% do salário.

“Não houve avanço algum. Na reunião no Tribunal Regional do Trabalho, que teve início às 16h, os empresários do Setps ofereceram o reajuste de 4,88% contra os 13,80% pedidos pelos trabalhadores.

Teremos mediações com o Ministério Público, Secretaria dos Transportes e iremos analisar as contrapropostas. Mas, até então, a greve está mantida. Na segunda-feira, às 10h, haverá um julgamento no TRT sobre o dissídio coletivo acionado pela categoria”, informou o presidente do sindicato, Manoel Machado.
Segundo o procurador Pedro Lino de Carvalho Júnior, que atuou como mediador nas negociações realizadas ontem pela manhã no MPT, “houve avanços importantes, uma vez que os dois lados chegaram aqui depois de 11 rodadas sem sequer haver uma contraproposta à pauta apresentada pelos trabalhadores. Apresentamos uma primeira contraproposta e hoje os dois lados trouxeram propostas para a mesa”, contou.
A proposta apresentada pelo MPT atendia aos principais pontos da pauta de reivindicações do sindicato. Um deles é a volta do pagamento do quinquênio, benefício que os rodoviários tinham em acordos anteriores, mas que foi suprimido em um dissídio coletivo.
A contraproposta admitia reajuste composto pela inflação do Dieese mais 5%, mas também queriam garantia de piso salarial de R$ 700 e manutenção do desconto de 10% do valor de face do ticket. Os empresários propuseram pagar o reajuste salarial, com base no INPC, mas só a partir de setembro. Eles também não aceitaram retomar o pagamento de quinquênio.
A categoria está em assembleia permanente na sede do Sindicato dos Bancários, nos Aflitos. A mobilização atinge Salvador e Região Metropolitana por tempo indeterminado.
Em nota, a Prefeitura de Salvador definiu a greve dos rodoviários como “inoportuna” e apela para que as partes envolvidas no impasse continuem dialogando a fim de evitar maiores transtornos à população em um momento em que a cidade “enfrenta uma situação crítica diante dos elevados índices de chuva dos últimos dias”.
 
Motoristas obrigados a rodar com frota mínima
Na reunião realizada pela manhã no MPT, no Corredor da Vitória, um oficial de justiça entregou notificação ao presidente da categoria, Manoel Machado, informando que uma liminar obtida pelas empresas de transporte determina a manutenção de frota mínima de 40% durante a greve, com o percentual subindo para 60% nos horários de pico.
A decisão judicial de reforçar o efetivo mínimo de 30% determinado por lei foi concedida, em caráter liminar, pela presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região, desembargadora Vânia Tanajura Chaves, por entender que a greve é prejudicial a toda população, que diferentemente das demais capitais, Salvador não possui outro modelo de transporte de massa.

O não cumprimento da decisão implica na aplicação de multa diária no valor de R$ 50 mil ao Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado da Bahia.
De acordo com o diretor de imprensa do sindicato, Francisco Costa, são as próprias garagens que vão decidir quantos ônibus vão para as ruas.

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