Intermunicipais ameaçam paralisar

Tribuna da Bahia - Thiago Pereira REPÓRTER

Os planos de quem pretende viajar para o interior do estado durante o São João estão ameaçados. Descontentes com a segurança nas rodovias que cortam a Bahia, os rodoviários que operam em linhas intermunicipais podem paralisar as atividades por 72 horas a partir da próxima sexta-feira, véspera do feriado junino.

Na manhã de ontem, a categoria cruzou os braços por cinco horas e realizou protestos nas garagens das empresas Regional e Cidade do Sol, em Salvador. As manifestações tiveram como objetivo chamar a atenção das autoridades públicas para os índices de violência nas estradas baianas. No último final de semana, um cobrador e um motorista foram mortos durante assaltos ocorridos em Sátiro Dias e Pojuca, municípios cortados pela BR-110.

“Rodamos de Salvador até Paulo Afonso e não encontramos sequer uma viatura durante todo o percurso. A BR-110 é violentíssima. São, em média, de cinco a dez assaltos por mês. Dois colegas morreram e, se nada for feito, outros podem ter o mesmo destino. É preciso atenção das autoridades para que casos como estes não voltem a ocorrer. Por isso a categoria está mobilizada”, disse o diretor do Sindicato dos Rodoviários, José Sodré.

Segundo o sindicalista, os rodoviários vão esperar uma posição da Secretaria de Segurança Pública (SSP) até a próxima sexta-feira para decidir se realizarão a paralisação às vésperas do São João. “Se não houver qualquer ação para aumentar a segurança nas rodovias baianas, a categoria vai discutir um plano de ação e pode parar as atividades. Não podemos continuar nos expondo da forma que vem acontecendo. Não queremos entrar para as estatísticas de homicídios”, afirmou.

Se confirmada, a paralisação de 72 horas dos rodoviários interromperá os 540 horários regulares cumpridos diariamente na Rodoviária de Salvador e todas as demais viagens intermunicipais realizadas no interior baiano.

Somente na capital, a suspensão das atividades da categoria pode afetar cerca de 210 mil passageiros, movimento de embarque previsto pela Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba) para o feriado junino.

Investigações continuam

As mortes do cobrador Marcos Moreira Nunes, que trabalhava na empresa Regional, e do motorista Israel dos Santos, da Viação Cidade Sol, permanecem sem solução.

Segundo as delegacias de Inhambupe e Pojuca, responsáveis pela apuração dos homicídios, ainda não existem indícios que comprovem a autoria dos crimes. Equipes de investigadores permanecem nas ruas à procura de informações que revelem a identidade dos assassinos.

Marcos Moreira Nunes foi morto a tiros na noite da última sexta-feira (15), no entroncamento de Sátiro Dias, município localizado a 205 quilômetros de Salvador, na região Nordeste do estado. Sete criminosos armados com espingardas calibre 12 aproveitaram que o ônibus reduziu a velocidade para passar por um quebra-molas, entraram no veículo e realizaram o assalto. Durante a ação, o cobrador foi baleado e morreu no local.

O motorista Rone dos Santos, que viajava de carona, também foi atingido e ficou ferido. Ele está internado em estado grave no Hospital Regional Dantas Bião, na cidade de Alagoinhas. Marcos foi enterrado na manhã de domingo (17), no Cemitério Bosque da Paz, em Salvador.

Já Israel dos Santos foi assassinado por volta das 22h do último sábado (16), em Pojuca, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Segundo informações da delegacia do município, três bandidos entraram no ônibus no bairro de Star e anunciaram o assalto minutos depois, nas imediações do Parque de Exposições da cidade.

De armas em punho, os criminosos saquearam dinheiro e aparelhos celulares dos passageiros e ao descerem do coletivo atiraram no motorista, que chegou a ser socorrido para o Posto Médico de Pojuca, mas não resistiu ao ferimento e morreu. Um dos passageiros conseguiu esconder o telefone celular e acionou a polícia logo após o crime. No entanto, ninguém foi preso.