terça-feira, 19 de junho de 2012

Nem o São João salva a Baixa dos Sapateiros

Tribuna da Bahia - Catiane Magalhães Repórter
O xadrez e as peças coloridas são grandes tendências no São João, mas o comércio na Baixa dos Sapateiros está mesmo é no vermelho. Vendedores da região reclamam do baixo movimento onde um dia foi o principal comércio de rua de Salvador. A procura pelos artigos juninos ainda é considerada tímida se comparada ao mesmo período do ano anterior.

A menos de uma semana para o grande dia, dona Maria de Fátima Souza, que há mais de 20 anos vende roupas no local, está com o estoque de vestidos e trajes caipiras quase todo encalhado em sua banca. Os preços nem sofreram variação de um ano para o outro, custam entre R$ 20 e R$ 35, mas mesmo assim as vendas continuam fracas.
“Sábado eu não vendi nenhuma peça para, ao menos, justificar o dia perdido e o dinheiro gasto com transporte e alimentação por ter saído de casa. Isso aqui está esquecido, nem de longe lembra a fase boa que vivemos um dia”, conta, se relembrando do período áureo na Baixa dos Sapateiros e Barroquinha.
A queixa é recorrente e os motivos são múltiplos. No entanto, a interdição parcial da via e a greve dos professores são apontadas como os principais responsáveis pelos prejuízos.
“Sem aula há tanto tempo, muitas escolas não vão realizar as quadrilhas e festinhas, o que já reduz boa parte do nosso público que vinha em busca das vestimentas típicas. Somado a isso tem o fato de o São João ter caído em um final de semana e muita gente não viajar e consequentemente não investir em roupa nova”, argumentou Letícia Reis, gerente de loja.
Segundo ela, a falta de infraestrutura também colabora para a perda de clientes, que estão migrando para outras áreas do Centro da cidade e até mesmo para os shoppings centers.
“As pessoas preferem pagar um pouco mais caro para ter segurança e comodidade, aí vão direto para os grandes centros comerciais. Fica complicado competir assim, pois nós não oferecemos sequer uma área para estacionar. Aqui, não se pode parar carro na via e até mesmo quem vem de ônibus já está escolhendo fazer compras em regiões com melhor acesso, a exemplo da Avenida Sete de Setembro, Mercês e Carlos Gomes”, observou.
Ela conta que os lojistas se reuniram e decidiram abrir seus estabelecimentos no último domingo (17), mas o movimento foi tão fraco que precisou fechar as portas mais cedo. “A ideia era abrir até as 14 horas, mas frustramos a expectativa e ao meio-dia já estava tudo deserto”, declarou.
Estratégia dos comerciantes
Apesar do cenário nada animador, os comerciantes não entregam os pontos e ainda apostam em uma mudança de jogo nos últimos minutos da partida. Como já é hábito dos baianos deixarem para ir às compras sempre na última hora, os donos de lojas da Barroquinha e da Baixa dos Sapateiros montaram uma estratégia para atrair clientes.
Por lá, o ritmo e o clima de São João já ditam moda. As vitrines e o interior das lojas oferecem opções para todos os gostos e bolsos. Além dos preços competitivos e da decoração típica, em algumas lojas o São João chegou mais cedo. Enquanto escolhe e experimenta o que vestir, os clientes aproveitam o som de trios nordestinos e ainda podem degustar os tradicionais licores e quentão.
“Foi o jeito que encontramos para deixar o freguês mais à vontade. É um diferencial, ele entra aqui e tem amendoim, bolo, licor, água gelada. São mimos que dão certo porque ele acaba voltando”, disse Ágna Silva, caixa de uma loja que adotou a estratégia.
De acordo com ela, a medida tem surtido bons resultados, pois o movimento aumentou ontem, depois que o estabelecimento colocou um trio com sanfona, triângulo e zabumba na porta e a mesa de guloseimas.
Ela espera que as vendas aumentem cerca de 70% até o próximo sábado (23), sendo as camisas xadrez, chapéus de palha, jaquetas, vestidos e coletes jeans as grandes vedetes do período.
“Precisamos bater essa meta, pois meu chefe já viajou para comprar mais mercadorias e contratou quatro funcionários de reforço.

Para isso estamos facilitando o pagamento em até cinco vezes sem juros no cartão, abrindo crediário e dando desconto à vista. Tudo para manter o faturamento que sempre tivemos nas três principais datas para o nosso comércio: São João, Dia das Mães e o Final de ano”, salienta.

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