quinta-feira, 14 de junho de 2012

Neto fecha com o PV e anuncia chapa hoje

Tribuna da Bahia
Lilian Machado REPÓRTER
Após os desencontros com os partidos de oposição e ainda sem conquistar um alinhamento completo com o PSDB municipal, o DEM surpreendeu ontem ao avançar nas negociações com o Partido Verde (PV), que deve ser anunciado hoje como o seu companheiro de chapa nas eleições de outubro.

Com restrições no campo de alternativas, o deputado federal ACM Neto, candidato do DEM à prefeitura de Salvador, decidiu apelar por uma nova frente, fechando com os verdes a composição para a disputa. A questão será confirmada pelo próprio democrata hoje às 14h30, no Caballeros de Santiago, no Rio Vermelho.

A aliança é inédita em Salvador, já que o PV em eleições anteriores apoiou o PT. A professora universitária Célia Sacramento, fundadora do Instituto Steve Biko, é apontada nos bastidores como vice na chapa de Neto.

O apoio foi definido numa conversa em Brasília ontem à noite que reuniu o candidato democrata, o presidente do partido, José Carlos Aleluia, o presidente nacional do PV, José Luiz Pena, o vice-presidente, ex-deputado federal Edson Duarte, e o presidente do diretório municipal verde, André Fraga.

Em conversa com a Tribuna, Neto não quis antecipar o candidato à vice, mas ressaltou a adesão do PV ao seu projeto. “O PV tem tradição em Salvador. Nas últimas eleições em 2010, teve uma votação expressiva na cidade e tem uma bandeira ideológica que dialoga com o futuro e com a juventude, tendo uma penetração muito forte nos movimentos sociais.

Amanhã (hoje), mostraremos uma série de compromissos com a preservação do verde que serão incorporados à elaboração de nosso programa”, enfatizou, admitindo que estava entrando em um novo território. “Após essa eleição teremos uma nova geografia política na cidade”. O democrata destacou o fato de que está buscando uma “pluralidade” de apoios.

“Temos quatro: DEM, PSDB, PPS e agora PV, mas estamos trabalhando para buscarmos mais”, disse. Questionado sobre o PSDB, ele disse que a costura está sendo feita com o conhecimento de todos os partidos. “Todos estão participando dessa decisão”, afirmou.
Embora, nos bastidores, a parceria seja considerada inusitada, os dirigentes do diretório estadual e municipal classificaram como “natural”.

“Nesta eleição, todo mundo conversa com todo mundo. São absolutamente naturais esses diálogos até a convenção. Na capital não lembro do PV apoiando o DEM, mas acabou isso de esquerda e direita. O que vale é o que propõe cada partido, cada candidato. Agora o que está em jogo é um pacto por Salvador, que está abandonada”, enfatizou o presidente estadual Ivanilson Gomes.

O dirigente municipal André Fraga, que ajudou nas conduções, também disse que não existia dificuldades. Mas, segundo ele, seria preciso haver integração nos programas de governo.
A reportagem da Tribuna conversou com o especialista político Paulo Fábio Dantas, que frisou o avanço da singularidade de algumas alianças com o passar dos anos, algo que se tornou ainda presente na era PT. “É preciso ver esse quadro de interpenetração, que está havendo independente do campo ideológico e que vem de algum tempo.

As alianças em função da conjuntura eleitoral não seguem a mesma lógica da coalizão governamental, mas não cabe dizer se isso é certo ou errado, no entanto são características dos novos tempos”, analisou.
Decisão surpreende o PSDB
O PSDB em âmbito estadual e municipal mais uma vez divergiu quanto ao possível anúncio de que o DEM deve ter como aliado de chapa o PV.
O presidente tucano na Bahia, Sérgio Passos, disse não haver problemas no fato de os verdes terem sido os escolhidos.
“Primeiro porque nunca colocamos a questão da candidatura a vice como fator impositivo para o apoio, mas sim um programa de governo que mudasse a cidade. Confirmando essa parceria DEM, PSDB e PV, vejo com muito bons olhos, pois dará um ar de modernidade e um compromisso maior com a sustentabilidade e visão do verde para melhoria da vida dos soteropolitanos”, frisou.
Já o dirigente municipal José Carlos Fernandes disse que não sabia até então da aliança, “mas o que parece é que ele (ACM Neto) não quer que o PSDB participe”.
Segundo o presidente do PSDB em Salvador, o fato é que Neto vai ter agora que trabalhar para conquistar o apoio do deputado federal Antonio Imbassahy (PSDB).
“Ele (Imbassahy) é o maior líder do PSDB em Salvador; é quem tem mais votos e interessa à coligação o apoio dele. Agora resta ao candidato da majoritária conquistar o apoio dele, que é fundamental pela estatura política”, mandou recado.
Essa semana, a Executiva municipal do PSDB colocou como condição à coligação com o DEM na majoritária e na proporcional a indicação do candidato a vice-prefeito. O nome escolhido para integrar a chapa foi justamente o de José Carlos Fernandes.
Mas o presidente da Executiva estadual Sérgio Passos ressaltou que não há problemas. Segundo ele, o partido tucano terá forte posição na condução da campanha eleitoral e ainda participação no programa de governo do democrata.
“Agregamos pensamentos e ideias para o futuro de nossa cidade”, citou. O dirigente destacou ainda a tendência de uma “boa composição para eleição de vereadores”.

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